quinta-feira, 25 de março de 2010

Belo Horizonte por um autor-arquiteto




Praça Raul Soares, um espaço multifuncional

As áreas urbanas estão em constante mudança desde quando surgiram. Com as tecnologias adquiridas no decorrer da história, o espaço tem sofrido mutações cada vez mais rápidas e intensas.

A Praça Raul Soares pode ser interpretada como o resumo daquilo que acontece em Belo Horizonte. Ela teve vários significados para a região desde sua construção, apresentando, em um mesmo momento, várias funções para o ambiente urbano.

Para a maior parte das pessoas, ela é simplesmente um caminho, um espaço neutro. O tráfego intenso de veículos nas avenidas que a circulam e as pessoas que simplesmente atravessam ela em seu diâmetro formam esse grupo .

O contraste entre as cores vivas da praça e as cores quase homogenias das edificações ao redor geram uma bela vista, contribuindo para a qualidade de vida da população


Há alguns anos, ela representava uma topofobia para a cidade. Porém, hoje em dia, pode ser considerada uma topofilia, pois sua revitalização gerou condições seguras para que ela fosse freqüentada. Diversos grupos e tribos urbanas se apropriam desse espaço para caminhar, namorar, conversar, trabalhar ou apenas para fugir do estresse da cidade.


A praça também passou a se apropriar dos espaços ao redor. Percebe-se que sua arquitetura se estende nas calçadas e quarteirões próximos.


A Praça é um lugar de destaque no plano urbanístico de BH. Ela está localizada na confluência de quatro das principais avenidas da cidade: Amazonas, Olegário Maciel, Bias Fortes e Augusto de Lima. Ainda assim, a praça se impõe sobre as avenidas, que têm de contorná-la.

A praça também pode ser vista como um referencial da heterotopia na região. A Olegário Maciel, partindo da rodoviária, cercada de transeuntes, passantes e com uma economia de varejo e popular se encontra com a Praça e a partir daí muda para a região de Lourdes e seus prédios comerciais e residenciais de alto luxo.

Compondo o espaço da praça, podemos destacar o Edifício JK, utopia (para a época) projetada por Niemeyer com mais de 1000 unidades habitacionais que já faz parte da paisagem e da história da capital mineira. O condomínio apresenta apartamentos de diversas tipologias e um de seus blocos – com 36 andares – ainda é o maior prédio de BH.


As casas noturnas e zonas boêmias não deixam de estarem presentes. Ao mesmo tempo tão próximas fisicamente dos outros componentes, afastam-se no sentido de aceitação da sociedade. Elas não são bem vistas, e, por isso, praticamente ignoradas quando é feita a descrição do local.

Resumindo, os arredores da praça poderiam resumir uma cidade. São perceptíveis divisão de classes, área de lazer, comércio, templos religiosos, etc. Tudo interagindo naturalmente, quase sem notoriedade.

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